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9 de mar. de 2009

"Closure" e os filhos da ...



Pessoas pontuais e com memória seletiva como eu, tem de lembrar da capacidade ou (in)capacidade humana de dar fim ao extraordinário, ou do discernimento para reciclar o lixo afetivo que vale ser reciclado: necessitamos de um "ponto final", de uma pausa ou pontuação.

Completamento (closure): capacidade de reconhecer o aspecto global (ou Gestalt) especialmente quando uma ou mais partes do todo está ausente ou quando a continuidade é interrompida por intervalos.

A busca do closure ou de nos auto-completar, na falta da outra parte - tema para madrugadas e madugradas de discussões interdisciplinares, multiculturais e raciais, existenciais e poli-etílicas!!

Por ora, uma certeza: companheiro é companheiro (morto ou vivo), e filho da puta é filho da puta (morto ou vivo). 

8 comentários:

Anônimo disse...

Bom... bem... Tem duas estradas pelo menos aqui. Ou a gente enfia a cabeça na biblioteca novamente e tenta ver se pesca alguma contribuição inteligente sobre o tema, ou vai catando cacos de memória e experiência.
A primeira estratégia é arriscada: time consuming e de resultado duvidoso.
A segunda me sugere o seguinte: closure tem um outro aspecto que transcende a questão da perda e da ausência, foco da definição que você citou. Eu penso (de novo, a partir de cacos de experiência) que há um elemento de SENTIDO que é perdido, num processo X qualquer, e deve ser produzido (resgatado, ou re-feito, ou substituido).
E o que é a IDENTIDADE se não o SENTIDO que damos a nós mesmos, a nossa experiência com o mundo, com o “outro” e com o nosso “interior”?
Quase todas as experiências relevantes da vida – ou todas? – modificam as bases de sentido de nossa identidade. Se não fosse assim, a gente não crescia. Ia ser uma merda. No entanto, algumas dessas experiências não apenas modificam – elas DANIFICAM bases essenciais desse sentido. Aquela parte que não pode ser destruida nunca. Aí é necessária uma intervenção cuidadosa para “curar” aquela parte danificada.
Uma vez fui numa exposição de uma fotógrafa chamada Ellen Fisher Turk. Ela fotografou mulheres obesas, anoréxicas, mutiladas, todas as quais haviam sido vítimas de abusos crudelíssimos (estupros e tortura). O lance é que o “processo X” danificou a tal ponto o sentido sobre o qual se construia a identidade delas que elas se perderam de si mesmas.
E aí precisa de ajuda para ter closure. Pois se não for devidamente curada a parte danificada e fechada, para sempre, a porta daquela experiência, a pessoa corre risco de vida.
More later.

Maria Martha Nader disse...

bastante assustador, e o que é incrível: muitíssimo comum! A mutilação aqui é um componente físico do abuso, e quando esta não está presente, ocorre aqui uma "automutilação" (anorexia ou obesidade por exemplo), ou seja, quase um desejo do objeto abusado de fechar (closure!!!) o ciclo, pelo menos fisicamente.
Seria por perda de identidade, ou por perda de afeto?

Osvaldo Pessoa Jr. disse...

Oi, gente:

Estou aqui em Bloominton, IN, EUA, e caiu em minhas maos um livro do Tom Wolfe, "The Electric Kool-Aid Acid Test", que fala sobre o inicio do uso de LSD pelos jovens da regiao de S. Francisco, a partir de experimentos militares (1959). O pessoal considerava que as portas da percepcao se abriam com essas substancias (como escrevera Huxley), e que tinhamos acesso a muito mais de nosso ser do que normalmente temos, ja que conteudos reprimidos ou simplesmente dormentes saiam para a consciencia. Alem disso, surgia a nocao de perda de individualidade, ou melhor, aquela nocao (comum nas filosofias orientais) de que somos um todo com o universo. No entanto, aquela euforia toda - e este estado alterado - nao sao muito adaptativos, tanto e' que nao queremos que nossos filhos embarquem (ou exagerem) nessa. Em nossa cultura, o que mais se aproxima disso (tirando as raves) sao os cultos do Santo Daime, etc. Nunca experimentei, mas respeito quem faz, desde que criancas sejam poupadas (o que nao acontece). Enfim, mesmo pensando em termos materialistas (como sou), tem muita memoria-emocoes e muitos completamentos dormindo latentes em nosso cerebro, que valeria a pena regatar. Sites como esses sao valiosos por ajudarem nessa abertura (pois nossa historia nao esta' so' dentro de nos, mas tambem nso outros). Quando eu tiver meus diarios de juventude aa mao, enviarei algumas perolas de nosso passado, Martha, que eu encontrar! Beijos para todos.

Maria Martha Nader disse...

Dão!!!!
É sempre bom te ver por aqui - faça desse espaço a sua casa - beijos

Anônimo disse...

Ei Dão,

É verdade, tem pérolas do passado que ficam escondidas por motivos os mais diversos, e emergem de forma igualmente imponderável. Estava eu aqui pensando no "acerto de contas" do meu pré-aniversário, em que estranhamente recuperei uma capacidade perdida: chorar. Chorei, chorei, chorei.
Ora, por por que catso chorei? Toca a investigar qual pérola do passado resolveu emergir (ou seria uma excrescência?).
Começou com um cutucão doloroso baseado na idéia de concurso universitário, que trouxe à tona lembranças de maldade e falta de sentido, que trouxe a tona imagens em cacos de espelho, que trouxe uma imagem refletida de mim mesma, oposto do que sou hoje, um fantasma, 41kg de falta de carne sugada pelos vampiros da USP, morrendo ali na frente do espelho... que grudou num filminho que enviaram naquele momento sobre anoréxicas se matando... que grudou nas várias coisas que me foram tomadas na infãncia... que me levou a abrir um album antiquíssimo com recortes de jornal da minha primeira fase de atleta semi-pro... e na página segunte, uma foto da Martha, com uns 18 anos, mal feita (a foto) e portanto queimada... mas se distingue o corte meio alisado de foto para mostrar que a gente era no fundo boa menina... e aí... parei de chorar.
Fechou.

E nem precisou de ácido!!!

UFA..

Osvaldo Pessoa Jr. disse...

Oi, Marilia, bem forte o seu texto!
Enfim, voltei para este espaco virtual para deixar o linque de um talk bem legal, na serie TED, da neurocientista norte-americana, Jill Bolte Taylor, que teve um derrame e fala sobre isso:

http://www.ted.com/index.php/talks/jill_bolte_taylor_s_powerful_stroke_of_insight.html

Abreijos,
Osvaldo.

Osvaldo Pessoa Jr. disse...

Uai!?

Faltou:

_powerful_stroke_of_insight.html

Byejos.

Anônimo disse...

Dão, querido!! Tô com saudades, não vejo a hora de te ver de novo.
Queria te convidar para se inscrever como colaborador em http://cooperativadosnerds.blogspot.com/

Acho que tem tudo a ver.
beijos!